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Impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia na cadeia de suprimentos


A guerra na Ucrânia vem mexendo com os ânimos de todo o planeta e está sendo considerada por alguns especialistas a mais séria invasão terrestre na Europa, desde a Segunda Guerra Mundial. O conflito já custou milhares de vidas e tem devastado uma nação de 40 milhões de pessoas.

Neste contexto, depois de quase dois anos sendo atingidas pela pandemia de Covid-19, as cadeias de suprimentos globais agora enfrentam uma situação incerta, que mais uma vez testará sua resiliência.

A Ucrânia e a Rússia representam os principais players mundiais no fornecimento de metais, hidrocarbonetos, minerais, energia e alimentos, cuja ausência provavelmente levará a uma crise. Acontece que os preços desses itens devem disparar, devido à escassez e à compra irracional, afetando as operações de fabricação tanto de fornecimento quanto de distribuição nessas cadeias logísticas.

 

Imagem:La Republica Imagem:La Republica

Problemas da cadeia de suprimentos

A empresa de consultoria internacional Gartner identifica seis problemas que as empresas enfrentarão em suas cadeias de suprimentos se as escaladas na Ucrânia continuarem:

  1. Escassez de matéria-prima.
  2. Aumentos nos custos de materiais.
  3. Impactos na capacidade de produção.
  4. Volatilidade da demanda.
  5. Restrições de capacidade e rotas logísticas.
  6. Violações de segurança cibernética.

O secretário-geral da Câmara de Comércio Internacional (ICC), John W.H. Denton afirmou que a invasão da Ucrânia pela Rússia, sem dúvida, terá repercussões significativas para as cadeias de suprimentos globais nas próximas semanas e meses.

O provável impacto nos mercados de energia e alimentos já é bem conhecido, mas um risco mais profundo de interrupção global relativo à indústria também é previsto em uma ampla gama de setores.

Imagem Pexels Imagem: Pexels

Os setores têxtil, turismo e alimentação são os mais afetados

A perspectiva de uma crescente inflação no preço dos alimentos também é um risco de para a cadeia de suprimentos, afinal a Rússia e a Ucrânia juntas contribuem com cerca de 29% para o mercado mundial de exportação de trigo.

A Ucrânia, o celeiro da Europa, está a caminho de se tornar o terceiro maior exportador de milho do mundo e a Rússia é o maior exportador de trigo. A Ucrânia é também um dos principais exportadores de cevada e centeio.

Os dois países também são líderes mundiais na produção e exportação de metais como níquel, cobre e ferro. Outras matérias-primas como néon, paládio, platina e diversos produtos químicos, principalmente derivados e produtos petroquímicos, também são fabricadas e exportadas em grande quantidade da Rússia e da Ucrânia.

A Ucrânia tornou-se um fornecedor de classe de metais essenciais e matérias-primas para cadeias de valor globais. Principalmente na produção de semicondutores, automóveis e medicamentos, que seriam seriamente afetados pela interrupção das atividades comerciais neste país.

Rotas logísticas

Rotas logísticas importantes, como a rota do Mar Negro e ferroviária e rodoviária da Europa para a Ásia e vice-versa, serão afetadas, causando atrasos e interrupções. Também é esperado um transbordamento para os portos chineses e outros nós de transporte importantes.

Com o transporte global já é severamente interrompido como resultado da pandemia, uma guerra pode agravar problemas, e afetar também o transporte marítimo e o ferroviário.

O aumento dos preços do petróleo devido à guerra é uma preocupação para o transporte em geral. As taxas de frete já são extremamente altas e podem subir ainda mais.

Também existe a preocupação de que os ataques cibernéticos possam ter como alvo as cadeias de suprimentos globais. Como o comércio depende muito do compartilhamento de informações on-line, isso pode ter consequências de longo alcance se as principais linhas de navegação ou infraestrutura forem visadas. Os efeitos em cascata de um ataque cibernético na cadeia de suprimentos podem ser significativos.

Mercado de ações

Alta volatilidade e incerteza prevaleceram nos últimos dias depois que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia começou na quinta-feira da semana passada. Este efeito gerou não só o colapso das principais bolsas mundiais, como também beneficiou as matérias-primas baseadas num conceito de refúgio em ouro, levando o petróleo a atingir o preço de U$ 100 por barril.

O impacto desses números tende a ser mais rápido no valor das empresas e dos investimentos, e mais lento nas economias locais e salários locais.

Na América Latina os efeitos mais imediatos do ataque russo - dependendo da duração do conflito - estarão ligados a três fatores: o valor que as matérias-primas estão adotando, a inflação e possíveis aumentos nas taxas de juros.

Conflito entre empresas

O conflito também está provocando uma briga entre empresas globais que cortaram relações comerciais com a Rússia para cumprir as sanções mais duras.

Os novos problemas surgem após mais de dois anos de interrupções, atrasos e preços altos para empresas sitiadas que usam cadeias de suprimentos globais para movimentar seus produtos ao redor do mundo. E embora as implicações econômicas da guerra e as duras sanções à Rússia ainda não estejam claras, muitas indústrias estão se preparando para o agravamento da atual situação precária.

Muitos desses riscos não devem se materializar e os líderes globais da cadeia de suprimentos precisam garantir planos de contingência adequados operações mais críticas e fornecedores mais arriscados na região.

Os EUA proíbem as importações de petróleo, gás natural e carvão da Rússia devido à invasão da Ucrânia

Em uma aparição na televisão, o presidente norte-americano Joe Biden informou que está tomando medidas para causar mais "dor à máquina de guerra" da Rússia.

"Isso significa que o petróleo russo não será mais aceito nos portos americanos e o povo americano dará outro golpe poderoso em Putin", disse ele.

A Casa Branca informou que a ordem executiva, com efeito imediato, foi assinada pelo presidente após seu discurso.

Os Estados Unidos foram o primeiro país a anunciar sanções contra o setor energético russo e deram o passo unilateralmente, sem seus aliados europeus, que são muito mais dependentes do gás e do petróleo russos para suas necessidades energéticas.

Lembramos que como a guerra segue em curso, essas informações podem mudar a qualquer momento.

 

Adaptado do texto de Anali Calles (Drivin Chile).